Eu preciso falar, desabafar. Será que isso é os 40 dias ou já é a tpm. Sempre volta alguns dias assim, fico para baixo e passa um monte de coisa inútil na minha cabeça, é nessas horas que eu gostaria de estar frente a frente com a pessoa e descarregar tudo nela, para me aliviar, o problema é que eu repasso tudo o que eu queria falar na minha cabeça e na hora eu não consigo enfrentar.
- Como é gostoso os sons de bebê, ver o corpinho se esticando, dormir abraçadinha. Que delicia!
Aahh. Eu só quero estourar na frente da pessoa e falar tudo. Chega um momento que não da mais para agüentar. Eu só quero explodir para fora, quando eu fiz isso, me senti muito melhor, milhares de vezes melhor e parei de pensar. Eu só quero falar tudo para essa pessoa.
Não me machucou ver junto à outra pessoa, o que eu senti foi à perda de algo que algum dia foi meu, aquele sentimento de posse, não amor. O que me machucou foi ele ter vindo na minha casa com outra pessoa, buscar a minha filha, sem mim, e levar para a casa dele apresentar minha filha para a família dele, junto à outra pessoa, algo como a família perfeita, eu, minha filha e minha namorada. Ela é MINHA filha.
- O pediatra me explicou dos gases e cólicas. O bebê não tem a força na barriguinha para soltar os gases e fazer coco, e por isso se contorce toda e fica tentando fazer força e resmunguinhos de dor, e ela fica irritada. O jeito é fazer bicicletinha e massagem.
Outra coisa que fico pensando, em como sou forte, serio, tenho que me valorizar mais e cultivar o que tenho de bom, me admirar. Depois de tudo que eu passei esse ano, me fortaleceu mais ainda. Como eu consegui agüentar? Tive varias recaída, mas continuei em frente. Tenho que agradecer muito aos meus pais e a Lilá, eu não teria conseguido sozinha.
Descobrir a gravidez, ter que escutar algo como aborto (matar um filho, não tenho essa coragem), criar forças para contar para os meus pais (ficar um bom tempo remoendo, até conseguir contar) ver a decepção do meu pai, ter que agüentar um semestre da faculdade longe de casa e sozinha, ficar vários finais de semana trancada em um apartamento, em um quarto, agüentar alguém me criticando e me destruindo, varias e varias vezes, dizendo o quanto eu sou infantil e que eu não sou mulher o suficiente, agüentar a pressão de terminar um trabalho que deveria ter sido dado no começo do semestre e fazer ele em duas semanas, a pressão de não ter dinheiro e ter um monte de contas para pagar, em ver o Brasil ter jogado muito mal e perdido a copa, a pressão de carregar um filho, de ter sido abandonada quando eu precisava de apoio da pessoa, de agüentar mentiras, de tratar a pessoa com educação e ser desprezada, ter que agüentar receber pessoas que só me fazem mal na minha casa, agüentar escutar em como eles são perfeitos e ser lembrada quando eu só queria esquecer, de ter inseguranças em relação ao meu bebê, de pensar: será que estou fazendo o certo?, de estar carente, com baixa auto-estima, de ficar angustiada, de se sentir sozinha e frustrada por não conseguir falar e me expressar, de ter meu parto gorado, de ter a minha filha gorada, de ter alguém que eu não queria assistindo meu parto, de ter a minha concentração atrapalhada por um celular, de saber que minha filha foi passada de mão em mão logo que nasceu, agüentar o querer e não poder, de ver eu falar coisas que eu não queria, de não ter sido forte o bastante para colocar o nome do jeito que eu escolhi, de ter aceitado, de ver minha filha com dor, de ver minha filha doente, de escutar falsidades, de ver ignorância, agüentar falta de respeito por mim, pela minha família, pelos meus cachorros e pela minha casa, de ver minha filha longe de mim.
Ter agüentado esse ano, eu estou recebendo minha recompensa. Sempre tem o lado bom e muito mais glorioso.
Descobrir a gravidez, ganhar um carro, ver o quanto meus pais me amam, de contar para meus pais, de escutar as gargalhadas da minha mãe, ver a felicidade do meu irmão, receber o apoio e compreensão da minha família, receber o apoio da minha amiga, receber o apoio de meus amigos, de ver meu bebê pela primeira vez pelo ultra-som, de ter ido ao Woodstock, de conseguir terminar o trabalho a tempo, de conseguir apresentar, conseguir costurar as roupas, de ganhar um premio pela criatividade no trabalho, de conseguir seguir meus ideais, sentir minha filha crescendo e se mexendo dentro de mim, descobrir que é uma menina, voltar para cascavel, para minha casa, dar maior valor a minha família, conseguir fazer tudo que eu queria, como a fisioterapia e a terapia, ter o carinho dos meus cachorros, poder ver quem é realmente são meus verdadeiros amigos, poder escolher como seria o nascimento da minha filha, de ser apresentada a esse tipo de parto por alguém incrível, a melhor escolha da minha vida (realmente obrigada), receber o carinho dos amigos, de poder conhecer tantas pessoas que me apoiaram e me passaram tanta energia, de ter apenas essas pessoas em minha vida já é um enorme presente, me concentrar, ser forte, sentir as contrações, sentir o trabalho de parto, estar em casa, ver as pessoas que eu amo estando ao meu lado, ver o amor dessas pessoas por mim, sentir minha filha nascer, sentir a dor e o prazer, recebê-la em meus braços, ver seus olhos, ver seu rosto, senti-la, vê-la saudável, inesquecível, sorrir e brincar depois, ver meu irmão chorar de emoção, saber que ele fumou o charuto e tomou o whiskey, saber que foi lindo, amamentar, de poder doar leite, ter o instinto aflorado, dar banho, trocá-la, dormir com ela, colocá-la para dormir, ver ela dormir, escutar seus funguinhos, chorinhos e resmungos, receber um sorriso sem dentes, sentir sua mãozinha, apertar o corpinho, ver a mudança que ela teve em um mês, acompanhar, ver ela se mexer, se esticar, ela me olhando, sair com ela, passear pela primeira vez, de acordar a noite para atende-la, ela estar em colo mamando, ver meu pai babando, vovo sorridente, minha mãe mais babona ainda, praticamente roubando minha filha de mim, ter batizado do jeito que eu queria, até consegui encontrar a cadeirinha que eu queria... Tantos pequenos momentos que parecem enormes para mim, e que me conquista, isso é o que mais me acontece agora.
Ter realizado sonhos, meus sonhos da adolescência: trabalhar com algo ligado a criatividade, não seguir o padrão e ser mãe solteira.
Agora é ir atrás do sucesso e crescer, mãos a obra.
*Aliviada.
3 comentários:
Esdra, a força de ler o segundo parágrafo dos "pros", de chorar... são tantos momentos decisivos, delicados, e tudo por uma pequena.
Beijos, vc é grande!
é, você já é um sucesso éd, é só continuar sendo você mesma <3
Nossa essa história bem parecida com a minha, mas fico feliz que você tenha força pra enfrentar tudo isso
porque nossos filhos fazem a gente tirar forças para lutar até onde não tem forças:D
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